Gótico
de Fernando Guerreiro
É sempre com um sentimento confuso que se cruzam as ruas que nos conduzem ao sepulcro. Então o que mais impressiona é a viscosidade dos pavimentos onde continua a crescer uma forma literária de musgo.
Extinto o horizonte, sobre tudo cai.
Indolente.
Um panejamento de penumbra.
Que lança-o a procurar a solução dos segredos na humidade
túmulos – ou partir para o Norte. Para ai se confundir com um “maistrom” de bruma!
Sobre o lago um corvo envolve com as asas o pescoço do cisne de que jorra o sangue que lava o poente de tanta brancura.
“Conhece o branco, mas concentra-te no negro."
Segrega o vulto que o vento arranca do fundo em mausoléu da ruína.
Haverá algum salão no meio de tanta violência, onde ainda se fala de literatura? Aceitará a natureza ser cortejada por palavras que contrariam os seus desígnios. No entanto, as verdadeiras migrações passam-se sempre na mente – em corredores por onde os homens arrastam redes em que conservam – fragmentado e erudito –
o fantasma do mundo.
o fantasma do mundo.
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